terça-feira, 12 de maio de 2015

Bruxaria e Feitiçaria: fugindo dos estereótipos da Idade Média.

Por Gabriel Barbosa Rossi,
Confome nossa amigo/amado Homero narra na Odisséia, Circe encantava os homens e logo depois transformava-os em porcos. Enquanto isso, Medéia fabricava filtros mágicos para as piores coisas possíveis, porque Jasão partiu seu coração.
Sendo assim, a magia está presente e sempre esteve empregada culturamente em todas as sociedades conhecidas, misturando religião e natureza. Porém, também é sabido que, comumente, as práticas de magia são separadas em duas, como qualquer protocolo social, entre “bem e mal”.
Roma, Grécia e diversas populações bárbaras deram forma ao que hoje conhecemos como “EUROPA”. Lá, as práticas mágicas eram muito presentes, sendo exercidas quase em sua totalidade por mulheres e feitas em voltas da lua e divindades pagãs, que eram símbolos de fertilidade. Todas essas práticas eram acentuadamente pagãs, e tinha a presença de animais como bodes, por exemplo. O bode representa a homenagem a Dionísio, deus do vinho no panteão Grego [e não ao satanismo propriamente dito como, erroneamente, é referido hoje.]
Foi na baixa idade média que a magia pagã se atrelou ao demônio, e o príncipe das trevas virou ícone de adoração e divindade máxima no sentido de culto, feitiçaria e bruxaria. Feitiçaria e bruxaria são duas coisas diferentes hoje. Em certas épocas, antes do século XIV, qualquer prática mágica era tida como prática mágica, no sentido literal mesmo. A partir do século XV, com a demonização da magia milenar, houve uma ruptura no consenso de bruxaria e feitiçaria. Existem claramente várias interpretações sobre as diferenças entre bruxaria e feitiçaria, historiadores e eruditos viveram em discussão sobre isso, mas uma coisa é certa: Circe e Medéia eram feiticeiras, pois, de fato, transformavam e criavam a partir da magia [segundo Homero, logicamente].
São feiticeiras porque não há um pacto com qualquer demônio e, as feiticeiras encarregam-se individualmente de criar suas poções mágicas para solucionar o problema DELA. As bruxas da era moderna, bruxas essas que foram queimadas pela igreja católica, se diferenciam das feiticeiras porque com elas, supostamente, há o pacto com o princípe das trevas e a conjunção ao mal encarnado, sendo que suas atividades sempre seriam de cunho maléfico. É claro que nem todas as mulheres queimadas pela inquisição faziam isso, muitas eram só curandeiras, mas, existiam sim as moças da bruxaria.
A bruxa da imaginação das crianças é velha, feia, banguela, vesga, peluda no queixo, cabelos brancos e chapéu pontudo, quase como aquelas interpretações idiotas da xuxa. Essa figura estereotipada da bruxa já vinha desde a época moderna, de mulheres sozinhas, solitárias e/ou viuvas que eram acusadas nos processos inquisitoriais. E se fossem feias e velhas as suspeitas eram mais fortes ainda. Ou seja quem criou esse medo todo nas crianças, foram os próprios processos da inquisição católica. Foram os caçadores de bruxas que lhes desenharam ameaçadoras, as representando perto das brasas de seus caldeirões, onde, vejo eu uma “bruxa” imaginando que nunca nos contaria o que ela sabe e que nós ignoramos.
Contemporaneamente falando, há um modo errado de pensar a bruxaria e a feitiçaria como duas esferas de maldade, imaginando que a feiticeira invoca o mal e a bruxa é o próprio mal. É claro que há vários modos de diferenciação [ou não]. Por exemplo, o francês não distingue uma da outra, os termos são todos englobados num mesmo sentido. O português também não faz uma especificação clara entre os termos, até mesmo os sugere como sinônimos.
Assim, podemos notar que o estereótipo não é algo apenas brasileiro, mas, da maioria das nações. Existem, ainda, tantas outras diferenças e nuances entre bruxas e feiticeiras.literatortura.com

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